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quinta-feira, 9 de maio de 2019

Junno Andrade diz que não vê problema em ser visto como o 'marido da Xuxa': 'Orgulho'

Xuxa e Junno Andrade Foto: Divulgação



De volta ao teatro, ator e músico relembra episódios da trajetória profissional, admite erros em carreira musical e rebate afirmação da mulher sobre depilação: 'Minhas maquininhas funcionam perfeitamente, e uso no número zero'
Junno Andrade não nega que sentiu a barriga congelar em seu retorno ao tablados. Após cinco anos afastado dos teatros, o cantor e músico se reconecta ao ofício nos palcos com a comédia "Um casamento feliz", em cartaz desde a última semana no Teatro Vannucci, na Gávea, na Zona Sul do Rio.
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Junno Andrade (ao centro), entre os atores Fábio Villa Verde e Renato Rabello, em cena da peça "Um casamento feliz" Foto: Ale Vidal / Divulgaçao



— Essa é a grande vitrine para qualquer ator, então o nervosismo de fato é maior — ressalta ele, que despontou no universo artístico durante a década de 80, como cantor.
Nesta entrevista, o paulistano de 55 anos revê a própria trajetória, admite que fez escolhas equivocadas na carreira profissional e nega qualquer receio em ser constamente apontado como o marido de Xuxa, com quem está junto há sete anos ("Não tem como fugir disso, e é apenas motivo de orgulho", diz).
A volta ao teatro era um plano antigo? Como surgiu esse trabalho?
Há muito tempo cultivava o desejo de estrear uma peça no Rio. Mas só recebia convites para produções em São Paulo. Quando o Marcos Pasquim, que é um grandíssimo amigo, me chamou para fazer essa montagem, da qual é produtor, não teve jeito: fiquei muito feliz mesmo. Para mim, era a aprovação do meu trabalho.
O retorno aos palcos gerou um nervosismo?
A peça foi levantada a toque de caixa, e só tivemos 20 dias de ensaio. Claro que já estou acostumado a pisar nos palcos, pois passei muitos anos me apresentando com banda, como cantor. Mas agora, sendo uma peça — e no Rio —, o frio na barriga foi acima do normal. Essa é a grande vitrine para qualquer ator, então o nervosismo de fato é maior.
O espetáculo é uma comédia (escrita por Gerald Bitton e Michel Munz), mas retrata assuntos sérios ao acompanhar um homem que decide se casar "de mentirinha" com seu melhor amigo apenas para receber uma herança. Quais são os temas que mais sobressaem dessa trama?
A peça mostra o quanto são trágicas determinadas ambições. Fazer tudo pelo dinheiro pode resultar problemas. Em cena, os personagens armam um casamento fake apenas para garantir uma fortuna. E, sim, a gente é testemunha de coisas mais ou menos parecidas que acontecem na realidade. Isso tem sido comum. Mas cada um com a sua vida, né?
Você já passou por uma situação parecida? Arrepende-se de algo, nesse sentido?
No meu primeiro LP (em 1988), gravei canções que não me agradavam. Na época, decidi apenas cumprir uma receita para supostamente "dar certo". Como a moda era ser um cantor romântico, segui essa tendência. Mas eu gostava de rock! Hoje, não teria feito daquele jeito. Aliás, se tivesse me orientado por um critério pessoal — e não comercial —, talvez tivesse acontecido musicalmente. No fim das contas, acabei não dando certo mesmo.
A capa do primeiro disco do cantor Junno Andrade, à época 'Juno' Foto: Reprodução

  Mas você abandonou de vez seu lado musical?
Não, continuo fazendo alguns shows em São Paulo. Ganhando bem ou não, escrevo e interpreto composições que são mais a minha cara, puxadas para o lado do rock. Por algum período, cheguei a fabricar determinadas canções para grupos específicos, como KLB, Raça Negra, Zezé Di Camargo & Luciano, Chitãozinho & Xororó... Agora, faço por fazer, sabe? Mas, neste momento, estou totalmente focado no teatro. Dependendo do que acontecer — e das possíveis novas temporadas —, vou tomando novos rumos.
Xuxa e Junno Andrade Foto: Divulgação
Recentemente, Xuxa disse que gostaria de gravar um filme com você. É algo certo?
Pois é, a gente lamenta em ainda não ter trabalhado juntos no cinema... Em 2016, compus as músicas do disco "Xuxa Só Para Baixinhos 13"; no ano passado, apresentamos em dupla o programa "Dancing Brasil", na televisão. Agora, a Xuxa diz que eu tenho que ser o novo príncipe encantado dela nos cinemas (numa outra versão de "Lua de cristal"). E eu digo que estou mais para sapo (risos). É uma brincadeira ainda. Mas quero mesmo desbancar o Sérgio Mallandro!
Você é muito lembrado como "marido da Xuxa", antes mesmo de ser apontado como o Junno Andrade. Isso incomoda?
Não tem como ser diferente. A Xuxa carrega uma história de 30 anos de sucesso absoluto, com ao menos três gerações de seguidores. Então, sim, eu sou o cara que está com a Xuxa. Para mim, isso é apenas motivo de orgulho, pois estou ao lado de alguém que todos apenas falam bem. Obviamente, rolam alguns julgamentos, com pessoas dizendo que estou em certos lugares — como na Record ou na Globo — apenas por causa dela. Sinceramente, não ligo para isso. E não posso mudar um comportamento da humanidade. Esses pré-julgamentos nunca vão acabar.
Xuxa, em clique sem maquiagem: foto gerou comentários ofensivos Foto: Reprodução / Instagram
Por falar em julgamentos, recentemente, Xuxa recebeu alguns comentários ofensivos, em redes sociais, após publicar uma foto em que não estava maquiada. Muitos apontaram que ela não cuidaria bem do próprio envelhecimento, e seu posicionamento foi muito firme diante disso. Vocês conversaram sobre o assunto?
A gente estava na Jamaica quando ela fez essa foto. Eu estava do lado dela. Mas essa questão toda volta para aquele problema do olhar julgador dos outros... Xuxa é uma mulher linda, maravilhosa e está agora em sua melhor forma, mais linda e mais maravilhosa. Careca então, melhor ainda!... Quando uma mulher se desprende da vaidade de ter um cabelo assim ou assado, iluminado ou pintado, ou  liso ou com chapinha, ela está em sua fase mais plena.
Aliás, no último mês, após a repercussão sobre o cabelo raspado, Xuxa fez uma revelação inusitada. Numa entrevista coletiva (para divulgar uma loja de depilação a laser), ela disse que se sente incomodada com o fato de você não depilar as partes íntimas. Era uma brincadeira?
Eu me divirto com todas essas coisas que ela fala (risos). Mas acho que a declaração foi mal entendida. Xuxa afirmou que sou um ogro, e quis dizer que não tenho coragem de arrancar os meus pêlos com uma depiladora, como se não conseguisse ficar pelado na frente de outra mulher para isso. E é verdade! Mas minha higiene vai muito bem, obrigado. Aliás, sou chato pra caramba com isso. Meus "giletes" e minhas maquininhas funcionam perfeitamente. Uso a máquina no número zero, inclusive.
Também recentemente, alguns grupos de fãs da Xuxa resgataram vídeos de apresentações suas em programas televisivos que ela comandava na década de 80. Vocês acompanham esses movimentos na internet?
A gente reviu essas imagens (veja acima) . É engraçado, porque naquela época (década de 1980) já rolava uma azaração de leve entre nós, sabe? Acontecia uma mão no braço, um abraço demorado, uns olhares... Mas faltou coragem da minha parte (risos). De qualquer jeito, acredito já estava escrito, em algum lugar, que ficaríamos juntos. São muitas coincidências entre nossas vidas: nascemos no mesmo ano e no mesmo horário; temos mães com o mesmo nome — Alda; a filha da Xuxa se chama Sasha, que significa Sol, e a minha filha se chama Luana, que é uma referência à Lua... Esse encontro para acontecer mesmo, tenho certeza.

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