Rio - Desde que os memes da Xuxa trollando seus baixinhos começaram a pipocar na internet, muita gente se pergunta: como devem estar aquelas crianças que passaram por situações inusitadas com a loura? Um desses curiosos é o jornalista Gabriel Vasconcelos, que criou um certo tipo de fixação por Alencar, um menino que, na década de 80, com 11 anos, foi ao 'Xou da Xuxa' e aproveitou para fazer uma reclamação da rua em que morava, em Mesquita. Segundo o pequeno, os moradores sofriam com os mosquitos de um valão, com a ação de pixadores e até de ladrões. Mas, com muito bom humor, Xuxa, em vez de dar uma palavra de apoio, mandou as pessoas "passarem longe" de lá. Alencar tinha tudo para ficar com raiva. Mas isso não aconteceu.
Era uma sexta-feira chuvosa, dessas que ninguém quer sair de casa, quando eu e mais dois repórteres, Gabriel Vasconcelos e João Pedro Soares, além do fotógrafo Fernando Souza, saímos em busca de Alencar. A única pista que tínhamos era o nome da rua: David José Furtado, 86, na Vila Emil, em Mesquita. Fomos na cara e na coragem. Sabíamos que não ia ser fácil, afinal, já havia se passado mais de 20 anos.
Um aplicativo de smartphone ajudou a chegar no local. Paramos em frente à casa. A fachada era a mesma que tínhamos visto no Google Street View durante nossas pesquisas. Não que fosse caso de vida ou morte achar o Alencar, mas, para a gente, isso se tornara uma missão -quase que impossível. Tocamos a campainha, uma mulher atendeu. Em alguns minutos, recebemos a informação que o carismático gordinho não morava mais lá, e que já estaria beirando seus 40 anos. Ela não sabia dar mais detalhes de seu paradeiro.
Saímos então batendo de porta em porta, na esperança de uma dica quente, algo que pudesse nos levar até Alencar. Alguns vizinhos até se lembravam dele, mas não sabiam para onde ele tinha se mudado. Quando já não restava mais otimismo, apareceu um homem. Ele já estava preparado para entrar em sua casa (a mesma que tinha sido do baixinho da Xuxa), quando sua mãe perguntou se ele conhecia o Alencar. Veio a surpresa que fez nossos corações baterem mais forte. Por muito tempo, meu sonho como jornalista era achar o corpo de Elisa Samudio. Mas, naquele momento, eu só queria encontrar o Alencar. Por mim, pelos meus amigos que estavam lá comigo. Era o início da "Expedição Alencar".
Kleber Mendes, 40 anos, tinha informações valiosas sobre o pequeno cidadão que pedira por ajuda no programa. Ele estudou na mesma escola de Alencar. Contou que o garoto já tinha trabalhado numa loja de doces com o pai e que, atualmente, morava em Nilópolis. Não foi difícil convencê-lo a se apertar no carro junto com a tropa para tentar achar Alencar em casa.
Chegando na rua indicada por Kleber, em Nilópolis, a chuva caía forte. Procuramos uma campainha para tocar, não encontramos. Os latidos abafavam os nossos gritos chamando por Alencar. O cheiro da cachorrada invadia as narinas. Ninguém nos atendeu. Por instantes, a tristeza tomou conta da gente. Voltaríamos para redação sem nada.
Até que um homem chegou de moto. Ele parecia ter ouvido nossos chamados. Era ele, Alencar. Quando ele confirmou sua identidade, uma euforia tomou conta de nós, repórteres e fotógrafo, além do tal amigo Kleber, claro. Pulamos, nos abraçamos, fizemos hi-five. E rimos, rimos muito. Aquela descoberta, por segundos, me pareceu melhor do que a criação do WhatsApp.
Alencar, óbvio, não entendeu nada. Nem sabia que era famoso na web. Se assustou quando lhe mostramos seu vídeo e riu quando exibimos sua foto, ainda criança, no perfil de um grupo que criamos num aplicativo. Ficou tímido, inicialmente, para dar entrevista. Disse que acabara de voltar da casa de um amigo, onde havia tomado umas boas doses de whisky. Depois, se soltou. "Eu estou me sentido a Tatá Werneck com vocês aqui. E agora vocês podem conhecer o verdadeiro Alencar", disse ele, hoje com 39 anos.
Fonte: http://odia.ig.com.br/diversao/2015-08-17/ex-baixinho-do-meme-passa-longe-deseja-sorte-a-xuxa-na-record.html
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